Advogada argentina denuncia prisão política de Lula
O Comitê Lula Livre UK – FREE LULA encontrou-se com a advogada argentina Nadia Schujman durante o evento “What Does Memory Ask of Law?”, promovido pela Argentina Solidarity Campaign, em Londres. A defensora de direitos humanos fez questão de assinar a petição que exige a liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva.
“Lula é um preso político e está sendo perseguido por ter favorecido os mais humildes”, declarou Nadia Schujman, uma das mais importantes advogadas argentinas especializadas em direitos humanos. Ela faz parte de H.I.J.O.S., uma organização fundada em 1995 para lutar pela memória, busca da verdade e justiça para as vítimas da ditadura militar argentina.
Segundo a advogada, a prisão do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva faz parte de um estratégia internacional parecida com a operação Condor, um plano de repressão que foi colocado em prática pelas ditaduras latino-americanas nos anos 1970-1980 com apoio e financiamento norte-americano.
“Atualmente, o poder judiciário é uma ferramenta de perseguição aos opositores, a serviço dos mais poderosos e dos governos neoliberais”, explicou.
Nadia também afirmou que não devemos confiar nas cortes latino-americanas porque são terrenos de disputas e contradições. “Alguns juízes até podem nos dar a razão, mas em geral estão a serviço dos poderosos”, declarou. Referindo-se a casos que ocorreram na Argentina, a advogada contou que muitas vezes os membros do poder judiciário sofrem extorsões devido a informes produzidos por agências como a CIA.
Neste cenário catastrófico, o que o Brasil pode aprender com o exemplo argentino? “Nesta luta contra a impunidade, nesta luta incessante, logramos julgar os genocidas do nosso povo”, disse Nadia mencionando as condenações dos envolvidos em crimes contra a humanidade na Argentina, durante um dos regimes mais sanguinários do continente sul-americano, que deixou um saldo de 30 mil vítimas entre mortos e desaparecidos no curto período entre 1976 e 1983.
“Se no Brasil esse processo tivesse acontecido, Jair Bolsonaro não teria ganho as eleições”, afirmou a advogada de H.I.J.O.S., que defende a memória histórica e justiça para as vítimas desse período.
No Brasil, ao contrário do país vizinho, a lei 6.683 promulgada pelo governo do general João Figueiredo (1979), permitiu a anistia ampla para presos políticos, exilados e também aos militares e aos responsáveis pela prática de tortura. É o caso do torturador Brilhante Ustra, que morreu sem pagar por seus crimes e é considerado por Bolsonaro um “herói nacional”.
Texto, vídeo e fotos: Comitê Lula Livre UK – FREE LULA