Comitê Lula Livre se encontra com embaixador do Brasil na França
O Embaixador do Brasil na França, Paulo César Oliveira Campos, recebeu uma delegação do Comitê parisiense de Solidariedade ao Lula e de defesa a Democracia nesta segunda-feira (4), em Paris para discutir a prisão política do ex-presidente.
Estavam presentes no encontro Mônica Passos; Arileide Conectable, representante do Partido Operário Independente; Eric Coquerel, deputado da França Insubmissa; Laurent Perea, membro da direção nacional e responsável de Relações Internacionais setor América Latina e as militantes do núcleo parisiense do PT , Bernadete Entratice e Carla Sanfelici.
Leia a nota completa entregue ao embaixador:
Sua Excelência Embaixador,
Senhor Paulo Cesar Oliveira Campos
Embaixador da França no Brasil
Sr Embaixador,
O Comitê Internacional de Solidariedade a Lula e de Defesa da Democracia brasileira foi criado por ocasião do Fórum Social Mundial, em Salvador da Bahia, em 15 de março de 2018, com o objetivo de conduzir e coordenar as ações, em nível internacional, da defesa de Lula.
Entre os fundadores brasileiros do Comitê se encontram a CUT, o PT, o PC do B, a Fundação Perseu Abramo, o MST, a Fundação Mauricio Grabois, PFE, Cebrapaz, UNE, UBES .
Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores dos Governos Lula e Dilma Rousseff, foi nomeado presidente dos comitês internacionais e é responsável por coordenar as ações dentro do País e no exterior.
A seção francesa do Comitê foi criada em 6 de abril de 2018, um dia antes da prisão de Lula em São Paulo. O Comitê é composto de organizações políticas como o POI (Partido do Trabalhador Independente), França Insubmissa, PCF, o Núcleo de Paris do PT, a associação França/ Cuba, Colômbia Humana, Morena Francia, o Coletivo Revolucionário dos Equatorianos da França, o Movimento Nacional de Acordo da Revolução Cidadã no Equador, bem como militantes e personalidades como Jean Ziegler, da Comissão de Direitos Humanos da ONU, os intelectuais Éric Fassin e Frédéric Boccara e o jornalista Maurice Lemoine.
Lula foi julgado num processo de “cartas marcadas”, sem provas, sem respeito à lei ou à Constituição. Tudo isso com um único objetivo: evitar que fosse eleito nas eleições presidenciais de outubro de 2018, em que era dado como vencedor por todas as pesquisas. Há quase um ano Lula é um prisioneiro político, isolado numa cela. As condições de detenção de Lula não respeitam nem a declaração de Genebra no que se refere aos prisioneiros políticos nem a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
E, apesar de tudo, para o desespero do governo, a prisão não afetou sua popularidade, mesmo com a mídia promovendo uma política de seu esquecimento.
Cinquenta mil brasileiros de todos os estados do Brasil acompanharam a apresentação da candidatura de Lula em Brasília em 15 de agosto de 2018; e, apesar disso, a justiça brasileira, sem a preocupação de esconder o seu compromisso com as políticas das oligarquias preferiu ignorar as irregularidades no julgamento, incluindo o não cumprimento da decisão da Comissão dos Direitos Humanos da ONU, exigindo que os direitos de Lula fossem respeitados. Sob pressão dos militares, os juízes ignoraram o pedido da Comissão dos Direitos Humanos da ONU.
Nós, como Comitê envolvido na defesa de Lula, continuaremos a denunciar tudo isso e continuaremos lutando pela sua libertação. E com esta finalidade, nós lhe solicitamos, Sua Excelência Embaixador, para compartilhar a nossa enorme indignação e ao mesmo tempo pedir-lhe para tomar uma posição pela libertação imediata de Lula.
Em várias capitais, como em Paris, comícios e manifestações foram realizadas em várias formas desde abril de 2018. Em Paris, organizamos diversas atividades, como o Concerto Lula Livre no Cabaret Sauvage, ações nas imediações da Embaixada do Brasil, colóquios, petições, debates, manifestações e encontros com personalidades políticas.
O Brasil ocupa um lugar importante no mundo. Seu papel internacional cresceu durante os anos de Governo de Lula. O programa Bolsa Família retirou o País do mapa da fome no mundo em 2014, segundo a Organização das Nações Unidas. Em nível internacional, as políticas iniciadas por Lula inspiram uma série de programas sociais por todo o mundo. O prestígio e legado de Lula não têm importância? E para o Brasil, nem a democracia, nem a humanidade ou justiça não têm importância? Manter Lula na prisão compromete não somente o futuro do Brasil, mas também o equilíbrio de toda a América Latina, como também a imagem que o País quer ter no mundo.
Lula é candidato oficial ao Prêmio Nobel da Paz, defendido pelo vencedor de 1980, Adolfo Pérez Esquivel. Adolfo Pérez Esquivel argumenta que a fome “é um flagelo e um crime contra as pessoas sujeitas à pobreza e a marginalidade, priva de vida e esperança gerações. Por este motivo, se um governo nacional torna-se um exemplo global da luta contra a pobreza e a desigualdade, contra a violência estrutural que nos aflige como humanidade, deve ser reconhecido sua contribuição para a paz na humanidade” e Lula, que está na prisão, foi o iniciador deste programa revolucionário de erradicação da fome.
Por tudo isso, consideramos que a libertação de Lula está intrinsecamente ligada ao futuro do Brasil. Nos engajamos o tempo que for necessário e utilizando todos os meios possíveis, de maneira incansável, para alertar a mídia, políticos e a opinião pública, até a libertação de Lula.
Destacamos a carta enviada recentemente pelo Presidente Lula para o membro do Bundestag, Martin Schulz, denunciando parte dos abusos cometidos contra ele e a democracia no Brasil, na qual diz: “a solidariedade internacional em que muitos companheiros estão envolvidos é de importância fundamental para nossa luta pelo Brasil e para resistir a brutal perseguição judicial, da qual eu sou vítima”.
Queira aceitar, Senhor Embaixador, nosso protesto da mais alta consideração.
Lula Livre!
Comitê parisiense de Solidariedade Internacional a Lula e de Defesa da Democracia brasileira
Paris, 4 de Março de 2019
Partidos dos Trabalhadores | Foto: divulgação