14 de novembro de 2019
Foto: Roberto Parizotti

O 13º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizado neste mês de outubro teve a presença de aproximadamente uma centena de representantes de organizações sindicais amigas de quarenta países. Foi uma oportunidade ímpar para intercambiar análises e experiências sobre o enfrentamento que a classe trabalhadora em nível mundial tem desenvolvido nos dias de hoje diante dos desafios colocados pelas cadeias globais de produção, do predomínio da globalização financeira e das expectativas do trabalho do futuro. Estas mudanças de paradigma produtivo conforme apontou o economista Samir Amin, falecido recentemente, transformaram uma situação média de 80% dos trabalhadores estáveis nos países industrializados e 20% instáveis até o final da década de 1970 para o atual quadro médio de 40% estáveis, 40% instáveis e 20% sem emprego de qualquer espécie.

Outra constatação foi a deterioração proposital da democracia em muitos países para implementar este novo modelo produtivo e colocar os interesses do capital, empresas, bancos e fundos de investimentos acima dos direitos e interesses do conjunto das sociedades.

Este problema também tem que ser enfrentado pelo movimento sindical. Além de se renovar e buscar a representação de todos os trabalhadores, sejam estáveis, instáveis ou desempregados, a solidariedade sindical é um valor que deverá ser cultivada cada vez mais e neste momento em que a CUT cumpriu 36 anos de existência, a mais longeva existência de uma central sindical no Brasil, esta solidariedade se fez presente por intermédio dos convidados internacionais.

Além do apoio explicitado à luta da CUT contra as reformas neoliberais e anti-trabalhador do governo Bolsonaro, também foi unânime a defesa da liberdade do Presidente Lula. Os dirigentes máximos da AFL-CIO (Federação Americana do Trabalho – Congresso das Organizações Industriais) dos Estados Unidos, Richard Trumka e da UGT (União Geral dos Trabalhadores) da Espanha, José “Pepe” Alvarez visitaram Lula na prisão em Curitiba para demonstrar solidariedade a ele e defender sua imediata liberdade diante das absurdas condenações motivadas politicamente. Além disso, ambos lhe agraciaram com prêmios de Direitos Humanos instituídos por estas duas importantes centrais sindicais.

O prêmio de Direitos Humanos George Meany – Lane Kirkland foi outorgado a Lula por unanimidade pela direção executiva da AFL-CIO estadunidense. É uma honraria que já existe a vários anos e tem sido entregue a instituições e pessoas que se destacaram na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos em geral. Entre os sindicalistas agraciados podemos mencionar Ela Ramesh Bhatt fundadora da SEWA (Associação de Mulheres Trabalhadoras Auto Empregadas) da Índia; Han Sang-gyun, presidente da combativa central sindical KCTU da Coreia do Sul, preso por vários anos por liderar greves e Wellington Chibebe presidente da ZCTU (Confederação de Sindicatos do Zimbabwe) e ativista do movimento de democratização deste país durante o governo Robert Mugabe. Da mesma forma políticos como Kim Dae Jung, presidente da Coreia do Sul de 1988 a 2003 e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2000 devido ao seu empenho pela distensão na península coreana, bem como da política de aproximação com a Coreia do Norte e, Luis Eduardo Garzon, ex-presidente da CUT – Colômbia e posteriormente Prefeito de Bogotá pelos seus esforços em prol da paz em seu país.

O prêmio oferecido a Lula pela UGT acabou de ser criado quando esta central sindical celebrou seu aniversário de 130 anos e ele foi o primeiro a recebê-lo. Os dois sindicalistas também se comprometeram a incrementar a luta por “Lula Livre” em seus respectivos países, além de Pepe que também é vice-presidente da CES (Confederação Europeia de Sindicatos) pretender engajá-la mais efetivamente na campanha.

Este reconhecimento é de suma importância em adição às manifestações de inúmeras personalidades, instituições, juristas e políticos de todo o mundo preocupados com a defesa de Lula e da democracia brasileira.